Dicas para fotografar a lua

Algumas dicas para se fotografar a lua

Flavio RB
Sobre Fotografar
Published in
5 min readMay 1, 2021

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Ângulo de visão

A lua (o sol também) “mede” aproximadamente 0,5° na visão. Pequena variação com relação a época, mesmo no perigeu (quando chamam de ‘superlua’) não há grande variação e não notamos a diferença a olho nu, só dá para comparar o tamanho aparente com instrumentos de maior precisão.

Também não há variação nesse tamanho aparente quando está próxima ao horizonte e no alto do céu. Nosso cérebro que nos faz “ver” a lua (ou o sol ) maior quando perto do horizonte, numa fotografia, não há diferença.

Ângulo de visão não está diretamente relacionado ao comprimento focal

O ângulo de visão não é uma grandeza que depende do comprimento focal nem o contrário. Não há relação entre eles.

Um fabricante de lente pode construir lente com comprimento focal 50 mm e ângulo de visão 46° e outro pode ter uma lente 50 mm com ângulo de visão 75°. A primeira seria uma lente normal e a segunda uma lente grande angular.

Mas, é comum que fabricantes de lentes para câmeras de determinado formato, por exemplo filme 135 (ou digital full-frame), tenham valores comuns que são quase os mesmos e induzem a correlação entre o comprimento focal e o ângulo de visão.

O formato do filme (ou sensor) é um recorte retangular de uma região no centro do círculo projetado pela lente. Normalmente esse recorte tem uma certa proporção entre os lados 1x1 (o formato quadrado algumas câmeras de médio formato), 2x3 o mais tradicional das câmeras, 3x4 comum em médio formato, 5x7 comum em grande formato, entre outros.

Ângulo de visão comuns para lentes de câmeras formato 135 (full-frame)

Com esses valores se pode ter ideia de quanto a lua ocupara na imagem (valores aproximados):

  • 14 mm — 114°
  • 24 mm — 84°
  • 35 mm — 63°
  • 50 mm — 46°
  • 80 mm — 30°
  • 100 mm — 24°
  • 200 mm — 12°
  • 500 mm — 5°

Esses valores são o ângulo de visão da diagonal do retângulo, o diâmetro do círculo projetado.

Lembrar que se sua câmera não for full-frame, você deve aplicar o fator de corte (multiplicar) — 1.6x para Canon APS-C e 1.5x para Nikon DX — ao valor do comprimento focal para saber o ângulo de visão aproximado (o sensor menor, faz um recorte menor no círculo projetado) como se a lente tivesse um comprimento focal maior no fator de multiplicação dado.

Se sua câmera for uma superzoom, use o valor de equivalência do comprimento focal que o fabricante costuma fornecer. Esse valor de equivalência é relacionado às câmeras 135 (um verdadeiro padrão de mercado).

Com os valores do ângulo de visão se sua equivalência de comprimento focal na sua câmera é 50 mm a lua ocupara 1/92 do campo de visão. Já com uma lente equivalente a 500 mm de uma câmera 135, a lua ocupará 1/10 do campo de visão.

Melhor fotografar um ou dois dias antes ou depois da lua cheia

Com, um pouco de inclinação na incidência da luz do sol temos regiões de sombra nas bordas das crateras, isso faz a imagem ficar menos sem graça. É igual usarmos o flash chapado ou a 45° num retrato. Sombras dão volume.

Não tem mágica na regulagem da exposição

Coloque o tempo de exposição o inverso do ISO utilizado e use f/16 ou f/22, lembre que é uma cena com o sol a pino em uma superfície que parece areia brilhante na praia. Isso é a regra Sunny16.

Lembre que se pode usar a propriedade de reciprocidade entre ISO/Tempo/Abertura para alterar os valores.

Preciso de tripé?

Depende. Qual o comprimento focal utilizado?

Se sua câmera for full-frame (ou filme 135) coloque o tempo de exposição o inverso do comprimento focal ou um valor imediatamente menor no tempo. Se a câmera for ‘cropada’, use o multiplicador do corte (Canon 1,6 e Nikon 1,5) para ter o valor.

Exemplos:

  • Câmera full-frame com lente 300 mm, use tempo de exposição 1/320 (seria 1/300, mas não tem o valor disponível, mesmo nos terços dos pontos);
  • Câmera Canon APS-C com a mesma lente 300 mm, temos 300 x 1,6 = 480. Então, use o tempo de exposição 1/500 (usaria tempo de exposição 1/480, mas não tem).

Se sua lente tiver estabilizador, essa regra é flexibilizada. Mas, se usar tripé, pode ser interessante desligar o estabilizador para tempos de exposição maiores que 1/10 do segundo (dificilmente usará isso para fotografar a lua, mas em longas exposições, fica a dica).

Nitidez da imagem

A atmosfera interfere na nitidez da imagem, então é comum ter algum tratamento básico de melhora a nitidez (sharpen).

Outra coisa, quando se vê aquelas fotos supernítidas e com detalhes impressionantes da lua, pode-se estar a frente de uma fotomontagem de sharpness stacking.

A câmera, normalmente foi acoplada a um telescópio que está num tripe que acompanha o movimento (normal ser azimutal com montagem equatorial). Depois disso se faz várias fotos distintas que serão montadas num empilhamento para melhorar a nitidez. O empilhamento é muito parecido com o focus stacking usado em macrofotografia.

Melhor fazer uma composição

Mesmo com um grande comprimento focal para a lua ocupar quase todo o quadro da imagem, pode ser melhor fazer uma composição com montanhas, prédios ou árvores em contra luz.

Alguns eventos que fazem as pessoas ficaram propensa a desejar fotografar a lua

Superlua

Já comentado acima, é quando a lua está no perigeu (ponto de maior aproximação da terra), mas não é possível ver diferença significativa no tamanho a olho nu.

Lua azul

A lua não ficará azulada no céu. É o nome que se dá quando temos uma segunda lua cheia no mesmo mês.

Lua rosa

A lua também não aparecerá rosada no céu, é o nome que os nativos norte americanos davam para a primeira lua cheia logo após a chegada da primavera.

Lua de sangue

A lua realmente fica avermelhada no céu. Meio raro pois é preciso que um eclipse lunar ocorra no momento do perigeu. Isto é um eclipse lunar com a superlua. No mesmo momento do perigeu a lua está completamente encoberta pela sombra da terra no eclipse.

Finalizando

Espero que tenham gostado e aproveitado. Se tiverem dúvidas, podem perguntar.

Fotografia da lua cheia em composição com uma arvore seca a contra luz.
Morro da Urca — Rio de Janeiro — 2011–03–19 0013 — ® Flavio Raphael Barcellos

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